Defesa e segurança entre as nações
Os oito ensaios reunidos nesta coletânea apresentam um panorama multifacetado da pesquisa em defesa e segurança internacional no Brasil. Abordando questões diversas, que vão das referências teóricas e históricas da área a estudos sobre a participação feminina nas forças armadas, Paz e guerra: defesa e segurança entre as nações reúne um rico subsídio para pesquisadores e interessados em questões de conflitos internacionais.
Eduardo Mei é professor de Sociologia do curso de Relações Internacionais da Unesp (Franca) e membro do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança (Gedes) da Unesp e da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed).
Héctor Luis Saint-Pierre é professor titular de Segurança Internacional e Resolução de Conflito da Unesp, coordenador da área de “Paz, defesa e segurança internacional” do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUC-SP) e diretor do Gedes da Unesp.
Marramao discute o típico dualismo ocidental entre pensamento laico e religioso. A noção de secularização e secular, em especial, merece do autor um estudo aprofundado onde são reconstruídos contextualmente os deslocamentos semânticos e as extensões metafóricas pelos quais esta crucial e controversa noção veio a se transformar de terminus technicus, originariamente surgido no âmbito jurídico, em básico conceito teológico e de filosofia da história.
Antes mesmo de sua morte trágica, Che Guevara já suscitava as paixões e as imagens provocadas pelos mitos. Da selva latino-americana à conturbada Paris de 1968, da Cuba revolucionária aos câmpus universitários de todo o mundo, a figura do Che consubstanciava ideais e sonhos que transcediam o homem e a época. Alcançar uma avaliação balanceada desse personagem intrinsicamente polêmico, objeto constante de admiração e rancores, é o desafio enfrentado brilhantemente por Olivier Besancenot e Michael Löwy.
Panem et circenses: por qual motivo a elite romana organizava jogos e distribuía trigo para a plebe? Prática diversionista? Clientelismo? Despolitização? Populismo? Esta obra monumental de Paul Veyne reúne uma investigação minuciosa sobre as origens dessa prática tão comum a aristocratas e imperadores. Juvenal via ali a derrocada da república; a massa trocava seus votos por diversão e alimento. Veyne descontrói essa interpretação monolítica e oferece uma complexa chave de leitura para a compreensão dos acontecimentos históricos, sociais e políticos. Mais que simples mecanismo de controle da plebe, a política do pão e circo remete a práticas herdadas das cidades-Estado gregas de comprometimento com o bem comum, as quais tanto embutem um sentido de dever, como também são usadas como demonstração de superioridade. Apropriadas de modo específico pela elite romana, conforme as características de sua sociedade, essas liberalidades oferecidas ao povo são contextualizadas historicamente e caracterizadas por Veyne como “evergetismo” – um fenômeno mais amplo em que, por diversas motivações, aristocratas realçam sua posição social por meio de doações ostentatórias para a coletividade.
Em Crer e saber, Raymond Boudon realiza uma síntese dos temas centrais de sua trajetória intelectual, complementada por uma apreciação da sociologia clássica. O autor não se limita, entretanto, ao registro testamental de temas e autores que lhe são caros – como Max Weber e Émile Durkheim – e que constituem a torre teórica de seu pensamento. Neste livro, Boudon procura dar maior sistematicidade às suas análises, aprofundando a relação entre considerações teóricas e estudos sociológicos quantitativos. O texto inicia-se com uma revisão da teoria geral da racionalidade e a verificação dos tipos fundamentais de explicação racional para as crenças. Em seguida, a partir dos resultados de uma pesquisa mundial sobre valores sociais, o autor se ocupa das diferentes versões da questão da justeza do julgamento e de suas aplicações nos domínios moral, religioso e político. Raymond Boudon (1934-2013) é um dos mais importantes cientistas sociais contemporâneos. É conhecido pelas pesquisas sociológicas sobre mobilidade social e desigualdade de oportunidades e pela defesa do individualismo metodológico. Entre outras obras, publicou L’inégalité des chances (1973), La logique du social (1979) e Dictionnaire critique de la sociologie (1982).
As culturas conflitam-se e dialogam, entrecruzam-se, não há cultura nem raça puras. A grande Ibéria está aqui na perspectiva brasileira da Nova Ibéria continental americana à Antiga Ibéria peninsular europeia, ida e volta: encontros, desencontros e reencontros também pelos oceanos das Áfricas e Ásias lusófonas e hispanófonas até a Oceania das Filipinas e Timor Leste; do passado ao presente e futuro num mundo de culturas em blocos linguísticos, fonopolítica ora liderada pelos anglófonos diante da resistência de outros povos.